Em tempos de desespero precisamos que pessoas comuns mostrem que a transgressão e a rebeldia podem nos elevar a um lugar menos sombrio.
A história do diplomata português Aristides de Souza Mendes deveria ser contada, recontada e celebrada por todos nós, mas infelizmente vivemos em uma sociedade que ecoa o nome de assassinos em séries e políticos corruptos, mas não o nome de homens como Souza Mendes.
O português era o cônsul na cidade de Bordeaux quando, em 1940, os nazistas invadiram a França pelo norte levando milhares de judeus a tentar escapar cruzando as fronteiras. Mas para escapar eles precisavam de vistos para Espanha e Portugal. Quando uma multidão de judeus cercou o consulado português em Bordeaux implorando pelo papel que salvaria suas vidas o governo português proibiu seus cônsules de emitirem vistos.
Souza Mendes decidiu que isso não estava certo e trabalhou durante dez dias e dez noites seguidas emitindo pessoalmente, e com a ajuda de alguns funcionários, vistos a despeito das ordens que tinha recebido. Depois de dez noites sem dormir ele desabou em exaustão, quando foi então escoltado para fora do consulado e exonerado do cargo, perdendo uma carreira de 30 anos como diplomata.
Mas os vistos que ele emitiu foram respeitados e mais de 30 mil judeus escaparam das garras de Hitler. Trata-se, segundo o historiador Yuval Noah Harari, da maior operação de resgate realizada por um único indivíduo durante o Holocausto.
Não estamos vivendo um novo Holocausto, mas estamos passando por um período de enormes injustiça social e desespero econômico. Deveríamos estar unidos e nas ruas, claro, mas existe uma outra força que pode nos ajudar a sair dessa catástrofre humanitária que experimentamos no mundo todo, e ela vem de dentro do sistema, de pessoas comuns que decidem contrariar ordens e se juntar à boa luta.
Passou da hora de entender que o sistema precisa ser mudado, ou não nos restará muito futuro porque o capitalismo já não tolera mais a democracia.
Impressiona a coragem de alguns, movidos pelo mais simples companheirismo de vida, sentimento de coleguismo de viagem com toda a fauna e flora humana, além da fauna e flora mesmas, neste planeta. O último século tem nos proporcionado atrocidades. A violência cresce em enormes proporções. Ao mesmo tempo, uma criança de 4 anos, em Copenhagen, vai sozinha pra escola e seu pai sabe que se ela se perder, alguém vai ajuda-la.
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❤
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Que texto ótimo!
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Inshalah….. Milly querida.
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O problema, como sempre, é definir qual é a boa luta.
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Milly, posso dizer que sou um fiel seguidor do seu blog. Admiro-lhe a clareza do pensamento e a postura intransigente por uma sociedade melhor e mais justa. Que texto!, simples e direto.
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…o que vejo é uma sociedade cansada de tantas tentativas em se manifestar e não ver nenhum resultado prático. Como exigir de alguem que está lutando pela sobrevivência e sem uma formação ideopolítica que vá para as ruas e proteste; faz parte do governo golpista arrochar e mater essa população preocupada com o que rer para sobreviver. Não tem como um levante de nassa sem lideranças, e as mesmas estão apáticas, com raras exeções.
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Que lindo texto!
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Também acho, o texto é brilhante.
diz tudo, com clareza e propriedade.
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Olá Milly. Feliz, tal como você, com a vitória de hoje do Timão, em momento de superação do grande Jô! Falando de desobediência, na Venezuela vemos o lado mais triste de como a desobediência contra um governo autoritário pode levar a dezenas de mortes (75 e contando…).
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https://brasil.elpais.com/brasil/2017/07/05/opinion/1499289726_062254.html?id_externo_rsoc=FB_BR_CM
vale a leitura!
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Pingback: A força da desobediência — Blog da Milly – Lesbian Reads
Pingback: O inferno do trabalhador americano, terceirizado há décadas | Blog da Milly
belo artigo Amei?
http://gosteibloguei.blog.br/
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Republicou isso em Studium.
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artigo bem interesante muito bom ? mesmo
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